ATA DA TERCEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 21.01.1987.
Aos vinte e
um dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre, em sua Terceira Sessão Extraordinária da Décima Sessão Legislativa
Extraordinária da Nona Legislatura. Às dezessete horas e seis minutos foi
realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aranha Filho, Auro Campani,
Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Elói Guimarães, Ennio Terra,
Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac
Ainhorn, Jorge Goularte, Lauro Hagemann, Mano José, Nei Lima, Pedro Ruas,
Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Chaise, Valdomiro Franco e Ana Godoy.
Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os
trabalhos. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 2ª Sessão, os Projetos
de Lei do Executivo n.ºs 05; 06/87, discutidos pelos Vereadores Rafael Santos,
Elói Guimarães e Isaac Ainhorn. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questões
de Ordem dos Vereadores Nei Lima, Hermes Dutra e Raul Casa, acerca da presença
dos Vereadores em Sessões Plenárias. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente
levantou os trabalhos às dezessete horas e cinqüenta e cinco minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária, a seguir. Os
trabalhos foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pela
Ver.ª Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por
mim.
O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal,
declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Extraordinária, destinada à
apreciação da Pauta.
O SR. NEI LIMA (Questão de
Ordem):
Gostaria de saber se o Ver. Caio Lustosa está presente à Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Não, Senhor.
O SR. NEI LIMA: Gostaria de fazer um
Requerimento a exemplo do feito pelo Ver. Caio Lustosa. Na noite de
segunda-feira, quando a Bancada do PDT retirou-se do Plenário, ele requereu o
desconto do “jeton” daqueles Vereadores que não estavam. Faço o mesmo
requerimento do Ver. Caio Lustosa. Solicito o corte do “jeton” do Ver. Caio
Lustosa.
O SR. PRESIDENTE: Casualmente, esta
Presidência despachou hoje a matéria. Não deferiu o pedido do Ver. Caio Lustosa
e, pelo mesmo princípio, indefere o de V.Exa.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
V.Exa. levanta um assunto que acho importante. Gostaria de saber a fundamentação
da Mesa por que não deferiu o pedido do Ver. Caio Lustosa. Eu faço questão de
que a Mesa desconte o “jeton” daquela Sessão.
O SR. PRESIDENTE: V.Exa. terá os fundamentos
por escrito.
O SR. RAUL CASA (Questão de
Ordem):
Todo mundo sabe que os Vereadores estavam presentes naquela noite. Participaram
até a hora que acharam que deveriam participar. Usaram de um expediente, como
disse muito bem o Ver. Werner Becker, lícito. Todo mundo sabe que eles
trabalharam. Apenas usaram de um expediente político, normal, que é da tradição
da Casa. Acho totalmente inconveniente a manifestação de todos os Vereadores
neste aspecto. Eu acho que todo o mundo viu o trabalho dos Vereadores do PDT na
Casa, e eles se retiraram num atitude política que, a nosso juízo, pode até ser
condenável politicamente, mas não deixa de ser um expediente usual. Era isso.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, a Mesa já
tomou uma posição. Só voltará atrás através do Poder Judiciário, coagida por
ele, ou por baionetas.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
2ª SESSÃO
PROC. 161 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 05/87, que fixa os valores de
tarifas, face aos estudos procedidos pelo Ministério de Desenvolvimento Urbano,
para o sistema de transporte coletivo por ônibus em Porto Alegre e dá outras
providências.
PROC. 162 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 06/87, que fixa os valores de
tarifas, face aos estudos procedidos pelo Ministério de Desenvolvimento Urbano,
para o sistema de transporte coletivo por lotação em Porto Alegre e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Rafael Santos.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. O Ver. Hermes Dutra, quando esteve na tribuna, se referiu a uma
pergunta que eu havia feito a ele, em caráter pessoal, no sentido de que se ele
tinha conhecimento dos cálculos estabelecidos pela SMT. Esta minha pergunta
advém do próprio telex que foi encaminhado, em anexo ao Processo, pelo Sr.
Prefeito, porque o telex abre com uma comunicação do Ministro Dílson Funaro de
que: “compete aos municípios o estabelecimentos das tarifas. Fica a critério
dos poderes concedentes municipais, estaduais, a concessão dos valores e a
concessão de reajustes de tarifas municipais”. Então, não há de ser um
percentual encaminhado pelo Governo Federal que deva servir de modelo ou de
indicador do valor dessa tarifa, apenas, usando as palavras do Ver. Isaac
Ainhorn, como referencial. Mesmo assim, nos termos do telex: “estamos indicando
o percentual máximo compatível - vejam que não está indicando o percentual
mínimo, nem o médio, mas, sim, o máximo. Quer dizer, “no máximo 81,25%”, no
máximo. Poderá ser menos, de acordo com os cálculos do Município, que é o que
não temos.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, cumprimento V.Exa. pelas reflexões
que faz nesta 2ª Sessão Extraordinária em discussão preliminar de Pauta. Veja
V.Exa. que, nesta matéria, ficam tranqüilos a União e o Governo Federal. Ficam,
realmente, muito à vontade, porque disparam o gatilho salarial de 20% para a
classe trabalhadora, e daí, sim, concedem ao Poder Público e estadual e
municipal a fixação de valores, estoura na parte mais fraca da estrutura de
poder da Nação. Veja, que mais uma vez a Nova República joga com dois pesos e
duas medidas em relação, sobretudo, ao Município e às cidades brasileiras.
O SR. RAFAEL SANTOS: Continuo a minha reflexão.
Neste percentual máximo, observamos que este percentual deriva de variação dos
custos, etc. alteração do salário de pessoal para os seguintes valores:
motorista Cz$ 4.500,00; cobrador Cz$ 2.526,00 e fiscais Cz$ 3.631,00.
Pergunto: é isto que as nossas empresas estão pagando, ou vão pagar.
Quem diz que é este o valor? Porque, no ofício encaminhatório do Sr. Prefeito,
ele não fala nesses valores. O que é que ele fala? No ofício encaminhatório,
ele diz que foram considerados os valores de salários para os rodoviários
propostos pela classe patronal. Quanto a classe patronal propôs? Isto também
não diz no Processo. Vejam, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como o Processo
está difícil de se julgar, eu não estou dizendo que este percentual seja o
necessário, pode ser maior ou quem sabe menor, mas os pressupostos, para que se
chegue a 81,25%, não estão claros. O Prefeito diz que, com este percentual,
está incluído o salário proposto pela classe patronal, aí vamos procurar no
Processo e ninguém fica sabendo qual o valor que a classe patronal está
propondo, não diz no Processo. Agora, o Telex diz que este valor é para pagar
Cz$ 4.500,00 para o motorista, mas, também, em nenhum lugar, diz que se
compromete a pagar esse valor aos motoristas. Por outro lado, nós sabemos que
os motoristas estão pleiteando mais, Cz$ 5.120,00, segundo o Ver. Raul Casa.
Agora eu pergunto: com esse percentual pode-se pagar Cz$ 5.150,00. Não sei, não
há cálculo nenhum, aqui, não há nada. Houve alguém que referiu - ouvi há pouco
o Ver. Martim Aranha Filho falar - que continuam escamoteando dados. Não é
isso, é até mais, são dificuldades ou erros de alguma assessoria do Sr.
Prefeito que não está funcionando. Isso é a única coisa cristalina, meridiana,
que podemos tirar de todas essas Sessões Extraordinárias que estão ocorrendo,
deve ser uma falha de alguma assessoria ao montar os processos adequados para
serem encaminhados a esta Casa. É evidente que não vai ser o Prefeito que vai
sair com os Processos, de Secretaria em Secretaria, montando-os. Os Processos
têm que chegar às mãos do Prefeito com todos os dados. Cabe o Prefeito dizer:
“Não, este dado não quero mandar”. Então, o Prefeito tira aquele dado que não
quer mandar. Não vejo por que o Prefeito não queira mandar os valores que os
empresários querem colocar no Processo. Por que não mandar os cálculos da SMT?
É porque alguém não colocou no Processo. O que está falhando é a assessoria do
Prefeito Municipal que não entrega a ele os documentos, os dados que devem
acompanhar o Processo. Ontem mesmo chegou a esta Casa o Ofício convocando para
a Sessão Extraordinária de hoje, sem o Processo. A culpa é do Prefeito? Não.
Porque quem traz o Ofício à Casa não é o Sr. Prefeito, ele apenas assina. Quem
deve verificar isto é a sua assessoria. A assessoria deve e tem obrigação de
alertar sobre isto e deveria dizer que estava faltando documento. E, aí, fica o
Prefeito sendo criticado por todos sem razão. Assessor sabe o que está
entregando. Então, o que está ocorrendo nesta Casa, e depois a oposição é
responsabilizada por isto, é que as coisas vêm sem dados nenhum ou com dados
herméticos, porque isto aqui é extremamente hermético. Vou concluir, Sr.
Presidente, isto aqui é extremamente hermético: que no percentual de 81,25% das
tarifas, em função dos estudos, etc., bem como considerados os valores dos
salários para os rodoviários, propostos pela classe patronal. Ninguém sabe o
que a classe patronal propôs e a quem propôs. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Desejo transmitir à Mesa e ao Plenário da Casa que a Bancada do PMDB se reuniu
no começo da tarde e procurou o Sr. Presidente da Comissão de Transportes da
Casa, e solicitou que, segunda-feira, pela manhã, o Sr. Secretário dos
Transportes comparecesse ao Plenário da Casa, para discutirmos os Processos
sobre tarifas, até porque estaríamos mais enfronhados e teríamos mais pareceres
sobre o assunto. Nesta Questão de Ordem, eu pediria que o Presidente da
Comissão de Transportes informasse ao Plenário a data e o horário em que a
Comissão vai promover este debate com o Secretário dos Transportes. Parece que
isto é fundamental para nós.
O SR. PRESIDENTE: V.Exa. assistiu à reunião
havida no Gabinete da Presidência. Cabe ao Plenário dar curso formal às
discussões e ao encarecimento feito e, sobretudo, à disponibilidade e ao
entrosamento da Presidência da Casa com as Comissões. Às Comissões, com sua
independência e soberania, ficarão o encargo dos Processos. Quanto à questão
que V.Exa. indaga, a Mesa se sente constrangida, por não ser parte legítima e,
tampouco, de ficar de interlocutor. V.Exa. sabe o quanto a Presidência deseja
prestar reverência às Comissões da Casa.
Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães, que é a quem cabe a resposta.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu agradeço a V.Exa. Eu
tinha entendido que V.Exa. tinha finalizado a minha resposta, mas só o fez após
ter dado a palavra ao Ver. Elói Guimarães, quer dizer, ao Ver. Elói Guimarães
cabe a resposta. Sou grato à Mesa.
O SR. PRESIDENTE: Aliás, Ver. Clóvis Brum,
também a Mesa o fez com a orientação das Lideranças e V.Exa. estava presente.
Questão de Ordem com o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Este Vereador é um defensor da atuação da Mesa, e não ouvi, de V.Exa., qualquer
repto à Questão de Ordem do Ver. Clóvis Brum; diante disso, sou obrigado a
indagar se realmente foi uma Questão de Ordem, porque se o foi, passarei,
atendendo a essa tendência da Mesa, a fazer Questão de Ordem desse tipo.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador Hermes Dutra,
é que é óbvio que V.Exa. é um conhecedor do Regimento Interno, mas, também, é
óbvio, e V.Exa. há de convir, que a Mesa se sente na seguinte posição: se ela
não ouvir previamente a Questão de Ordem, ela não poderá julgar e, por isso, se
ela ouvisse preliminarmente, ela poderia dizer se é Questão de Ordem ou não.
Como o Regimento Interno manda primeiro ouvir e depois discordar, diante do
fato consumado, não cabe exame.
O SR. HERMES DUTRA: É ou não Questão de Ordem?
Só isso o que quero saber.
O SR. PRESIDENTE: Se V.Exa. quiser um
esclarecimento, que acho redundante, pois V.Exa. já sabe a resposta, diria que,
tal qual V.Exa. diria, tal qual o Ver. Clóvis Brum diria, não é Questão de
Ordem.
O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V.Exa.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, solicito escusas à Mesa, não entendo como Questão de Ordem o
que formulei à Mesa após refletir sobre suas expressões, mas entendi somente
como uma preocupação desta Liderança no sentido de que o Sr. Presidente da
CUTHAB esclareça à Casa sobre o dia em que o Secretário virá. Sou grato. E
apresento escusas à Mesa.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Elói Guimarães, passo
a marcar seu tempo a partir de agora.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Vejam V.Exas. que a CUTHAB da Casa, rigorosamente, não pode avocar
a si a decisão de uma iniciativa que não passou e nem está regrada no próprio
Regimento Interno. O esforço do Presidente da CUTHAB é no sentido de buscar o
consenso com os demais Vereadores para uma data que atenda com os interesses
gerais da matéria. Quais são os interesses gerais da matéria? Justamente
estabelecermos uma data dentro da qual permita à Casa e à Comissão que se
convoque a comunidade. Veja o risco que corremos com aquela decisão, aliás,
aquela consulta inicial que fizemos aos Srs. Vereadores para se fazer uma
reunião, amanhã, às 10 horas. A comunidade, os setores, as entidades
comunitárias não seriam avisadas e nos cobrariam mormente numa matéria
econômica desta natureza, que diz de perto com os interesses da comunidade. O
entendimento que tem o respaldo da maioria dos Srs. Vereadores é, exatamente,
para que façamos - para que se busque o consenso da Casa, que se faça uma reunião
segunda-feira, às 10 horas, com o Secretário dos Transportes, Vereadores e
comunidades. Mas veja V.Exa. que isso aqui não é uma decisão autocrática porque
este poder não detém o Presidente da Comissão de Transportes para convocar e
determinar datas. Isso decorre de um esforço pessoal que fizemos no sentido de
atender os interesses da Casa e os interesses que envolvem matéria desta
natureza. Se não entenderem em contrário, arvora-se o Presidente da CUTHAB em
indicar a data para segunda-feira, às 10 horas, com o Secretário dos
Transportes e a comunidade e as entidades comunitárias nesta Casa.
A Sra. Ana Godoy: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, gostaria de dizer aos colegas que,
pelo modo como foi calculada essa tarifa, a minha proposta seria de que,
amanhã, o Sr. Secretário viesse aqui e explicasse a todos os Vereadores como
chegou ele a esses dados. Como a assessoria técnica vai ter dados para nos
subsidiar até segunda-feira, para discutirmos com as comunidades ou com as entidades
que se interessarem? Então, a partir de amanhã, já teríamos esses dados e a
assessoria técnica iria analisá-los. Logo, segunda-feira poderia haver uma
reunião da Comissão de Transportes com a comunidade em geral. Esta seria a
minha sugestão, mas é preciso que tenhamos, com urgência, os dados que levaram
ao cálculo da tarifa.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: A Presidência da Comissão
não tem poderes para determinar se será tal dia, a tal hora. Apenas, há um
esforço para se fazer segunda-feira, às 10 horas. O sentido da vinda do Sr.
Secretário à Casa não é para informar à Casa. É, exatamente, para debater com a
Casa o preço, os dados da tarifa porque a Casa avocou, legalmente, o direito de
estabelecer o preço do transporte coletivo. A partir disso, tem a Casa todo o
equipamento técnico para discutir a matéria. Do contrário, não estaria na Casa
a competência para estabelecer o preço da tarifa. Porque o que o Sr. Secretário
pode responder é apenas sobre os dados e ele vem para debatê-los.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu até queria dar uma sugestão, de vez que nestes
últimos dias de Convocação Extraordinária vimos um desfilar de Secretários do
Município, alguns até passando a maior parte do seu tempo dentro da Casa do
Povo de Porto Alegre. Talvez, até, seria interessante permanecer a reunião
marcada para segunda-feira, às dez horas. Mas eu sugiro a V.Exa. de que seria
de todo importante o Sr. Secretário dos Transportes estar, aqui, amanhã, pela
manhã, na medida em que ele possa esclarecer os Vereadores. Então, seria
interessante a presença de um Secretário ou a mais de um. Agora, que é difícil
convocarmos para amanhã as comunidades, talvez seja. Então, deixemos para
segunda-feira, oficialmente. Porém, seria interessante que eles estivessem aqui
amanhã para debatermos.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A vinda do Sr. Secretário possibilitaria que nós o
ouvíssemos, mesmo divergindo. Quem sabe, uma nova reunião na sexta-feira? Onde
iremos buscar dados se não sabemos as razões para apoiá-lo ou contestá-lo?
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. me permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Já ficou marcada a reunião. Na reunião que
fizemos no Gabinete da Presidência, já marcamos com o Sr. Secretário. Acho que
discutimos o óbvio. O Sr. Secretário virá, aqui, amanhã, segundo entendimentos
feitos na Presidência.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A bem da verdade, não vamos simplesmente dizer “está
marcada a reunião para amanhã, sim, porque foi combinado no Gabinete da
Presidência”. Talvez houvesse dupla interpretação. O que ficou acertado foi que
o Secretário seria convocado a qualquer momento. A idéia do Ver. Aranha Filho é
muito feliz e em todo aproveitável, porque é do interesse da SMT informar bem
os Vereadores, pode vir amanhã de manhã, à tarde, ou à noite, se algum Vereador
estiver na Casa. Agora, fazer uma reunião mais oficial dirigida pelo Presidente
da Comissão de Transportes... A Comissão de Finanças pode dirigir amanhã à
tarde, outra Comissão, mas a Comissão de Transportes convidaria o Secretário
para segunda-feira, às dez horas. Nós ouviríamos o Secretário e pegaríamos os
dados, amanhã, para reforçarmos mais o debate na segunda-feira.
O Sr. Frederico Barbosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Como representante do PFL, na Comissão de
Transportes, consultei a Liderança da nossa Bancada e encaramos com a maior
seriedade o que o Ver. Hermes Dutra declarou na tribuna, não estamos
preocupados em dizer que precisamos votar no último dia, nem, tampouco,
preocupados se precisarmos votar no 2º dia de Convocação; estamos preocupados,
acima de tudo, em dialogar e sabermos dados. A opinião do representante do PFL,
na Comissão, é que a reunião oficial com o Secretário seja amanhã, conforme
V.Exa., num primeiro momento, disse e tenho a certeza que V.Exa., para atender
às comunidades, fará tantas outras reuniões quantas se fizerem necessárias.
Agora, o nosso voto é de que a reunião oficial, para iniciarmos o debate, seja
amanhã.
O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Elói Guimarães, depois das diversas
manifestações dos Vereadores que comparecem hoje à Sessão, eu sugiro a V.Exa.,
como membro da mesma Comissão nesta Casa, que a reunião oficial da Comissão dos
Transportes com o Secretário Marcos Ledermann ocorresse, eu já não digo amanhã,
Ver. Frederico Barbosa, na medida em que entendo muito exíguo neste prazo até
para exame do material que nós já temos, mas, talvez, na sexta-feira pela
manhã, eu acredito que seria o ideal. Eu lhe digo, Ver. Elói Guimarães por que,
na medida em que nós temos a possibilidade de uma reunião amanhã ou
sexta-feira, nós teremos mais tempo, durante o fim-de-semana, para examinarmos
os dados, que não são aqueles referidos há pouco pelo Ver. Rafael Santos, mas,
sim, os dados da SMT. Sugiro a V.Exa. que marque essa reunião oficialmente para
amanhã ou sexta-feira, para possibilitar um exame melhor, mais acurado da
matéria.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato. O meu tempo
terminou, transformado num pontilhado de apartes.
Parece que a tarifa está determinada por Brasília. Pelo menos, aqui, no
telegrama da Nona República, está determinada a tarifa para Porto Alegre. O que
a Nona República deveria determinar é, exatamente, o preço do salário dos
transeuntes e dos usuários do transporte coletivo de Porto Alegre, deveria
dizer o salário e não o preço do transporte. Está claro no telegrama do
Ministro que ele estabelece um referencial muito forte - 81,25% - ele está a
determinar a tarifa para Porto Alegre, o que é lamentável. O que deveria fazer
o Ministro Dilson Funaro - que subscreve neste telegrama - é estabelecer os
salários dos trabalhadores brasileiros. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac
Ainhorn por cessão do tempo do Ver. Nei Lima.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. É difícil para esta Casa num momento desses decidir sobre uma
matéria desta natureza, quando se sabe que a grande massa dos trabalhadores
brasileiros teve um aumento, por força do disparo do gatilho salarial, de 20%.
Um dia, dizia eu, há pouco tempo, ao Ver. Pedro Ruas, havíamos, nós, de votar
tarifas do transporte coletivo, evidentemente, por força da sábia Lei do Ver.
Werner Becker, que transferiu a competência dessa matéria para esta Casa.
Infelizmente hoje, um dia após a derrota do Projeto de Lei que estabelecia uma
metodologia de cálculo para a tarifa do transporte coletivo da Cidade de Porto
Alegre, se tivéssemos hoje essa metodologia, talvez não estivéssemos com as
dificuldades de se questionar o Sr. Secretário dos Transportes. Mas a vinda do
Sr. Secretário dos Transportes, aqui, nesta Casa, é extremamente positiva, para
esclarecer aspectos técnicos essenciais, dados e elementos, para que se possa
formar uma correta opinião desse reajuste, proposto no presente Projeto de Lei.
E disse bem, aqui, desta tribuna, o Ver. Rafael Santos, examinando o teor do
telex assinado pelo Sr. Ministro do Desenvolvimento Urbano, de que o percentual
máximo que estamos indicando, nos custos de insumos ocorridos no período, é de
81,25%. Realmente, é um referencial e aí, Ver. Rafael Santos, talvez,
juntamente com os dados técnicos do Sr. Secretário dos Transportes, acho que,
pela relevância da matéria, deveria estar presente - e não tenho dúvidas de que
viria a esta Casa com prazer - o Presidente da Cia. Carris Porto-Alegrense, Dr.
Nelson Castan, até porque ele está conseguindo fazer milagres na Carris. Se
examinarmos os resultados obtidos pela Cia. Carris, com a tarifa a Cz$ 1.60,
veremos que ele tem conseguido fazer inúmeras melhorias no saneamento da
estrutura administrativo-financeira desta Companhia, que é propriedade de nossa
Cidade. Pois, vejam os Senhores Vereadores, a presença do Dr. Nelson Castan,
também, é importante porque ele está com a vivência do transporte e da tarifa
muito presente, porque administra uma empresa que está conseguindo resultados,
a despeito desta tarifa. Agora, vejam V.Exas., eu faço, também, uma reflexão, a
título de estudo e dos elementos que trarão até aqui o Secretário dos
Transportes e o Presidente da Carris, será que o percentual deveria incidir
sobre Cz$ 1,60? Será que a tarifa de Cz$ 1,60, em dezembro, foi aquela que
realmente expressava uma realidade para a época em que foi estabelecida? Então,
talvez pudéssemos encontrar uma saída em termos de uma tarifa, não digo justa,
porque ela nunca vai ser justa para o trabalhador que ganha Cz$ 960.00. Ela não
é justa. Agora, quanto aos empresários de ônibus, não estou aqui para os
defender. Não estou aqui para defender empresários de ônibus, pelo contrário,
minha posição tem sido, através dos meus anos de vida política, coerente com
minha posição ideológica e política. Vejam V.Exa., o empresário de transporte coletivo
é um empresário gaúcho, nacional, que enfrenta as dificuldades inerentes a toda
uma situação socioeconômica, de uma crise que afeta inúmeros segmentos da
economia do País. Não é um banqueiro, grande tubarão, um agiota legalizado,
mas, infelizmente, optou por um tipo de atividade empresarial que é
extremamente delicada. Ele tem de assumir os riscos na sua atividade de
empresário. Onde reside essa grande, terrível diferença dos dados apresentados
pelo Governo da República, o Governo federal, o Governo do PMDB, o Governo do
PFL? Vejam V.Exas. o seguinte: de um lado, evidentemente, dois pesos e uma
medida. Os trabalhadores marginalizados; o gatilho salarial, agora, disparado
em 20%. Salário mínimo de Cz$ 964,00. Vergonha nacional! Querem o pacto social?
Estabeleçam um salário compatível com a dignidade...
(Apartes anti-regimentais.)
Sr. Presidente, peço que V.Exa. suspenda o meu tempo e advirta
aparteantes não-autorizados. Quero que V.Exa. me assegure a palavra.
O SR. PRESIDENTE: Determino ao Plenário que
se mantenha silencioso. Segundo que, tal a veemência do requerido, passarei a
prestar atenção nos acontecidos dos fatos, para as punições devidas.
O SR. ISAAC AINHORN: Faço um apelo, Sr.
Presidente, para que não seja tão rigoroso. Pode ser mais brando com os nossos
colegas até porque o aparteante interruptor anti-regimental é uma figura pela
qual tenho grande carinho e profunda estima.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, quero concordar em gênero, grau e em
número com o seu pronunciamento. “In totum”, não retiro uma vírgula.
Simplesmente, indo ao encontro do que V.Exa. acaba de proferir da tribuna, peço
que V.Exa. traga para cá o Sr. Secretário e o Sr. Presidente da Companhia
Carris para que fiquem à disposição da gente até que se consiga votar, como,
aqui, esteve presente o Sr. Secretário do Planejamento, à disposição dos
Vereadores.
O SR. ISAAC AINHORN: Vim a esta tribuna dizer
que tem sido uma prática constante, e permanente, a presença dos Srs. Secretários
do Município e do Sr. Prefeito Municipal, que, até sem ser convidado, vem aqui
com o maior prazer prestar todos aqueles esclarecimentos necessários aos
Vereadores. Embora divergências hajam e têm havido nesse sentido e V.Exa., Ver.
Aranha Filho, é testemunha que têm estado à disposição os Srs. Secretários para
prestarem esclarecimentos.
Agora, para concluir, realmente, a Nova República nos deixou numa
camisa de sete varas, e aqui estamos para descascar este “abacaxi” tendo em
vista os interesses da Cidade e, sobretudo, dos usuários do transporte
coletivo, que são, em sua maioria, trabalhadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo tratar,
declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores
para a Sessão Extraordinária, a seguir.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 17h55min.)
* * * * *